terça-feira, 24 de junho de 2014

CRÍTICA - O HOMEM DUPLICADO


José Saramago já demonstrou para o grande público, com o livro e a adaptação para os cinemas de "Ensaio Sobre A Cegueira", que suas histórias nem sempre focam em uma história obvia, muito menos concreta. O enredo sempre busca em relatar o comportamento humano na sociedade, nas mais variadas situações. Na segunda adaptação de suas obras, "O Homem Duplicado" isso permanece. Com produção entre Canadá e Espanha, contando com a direção de Denis Villeneuve, que repete a parceria com Jake Gyllenhaal, do ótimo suspense "Os Suspeitos", a trama traz este como o professor de história Adam. Logo no principio, vemos que sua vida caiu praticamente na rotina: ele fala as mesmas coisas em suas aulas, volta para casa, corrige provas ou prepara suas aulas, recebe a visita de sua namorada Mary (Mélanie Laurent, de "Truque de Mestre"), jantam a luz de velas e terminam a noite transando sempre da mesma forma, e ela indo pra casa logo após o término. Mas até que um dia, um amigo de Adam lhe recomenda uma produção chamada "Querer é Poder". Como não tem o que fazer, ele aluga a mesma e quando assiste ele não da muita trela. Mas ao ter um sonho estranho, onde ele se vê no próprio filme, imediatamente ele decide rever a cena e nota que possui um sósia chamado Antony. Então ele decide partir na busca do mesmo, mas ao conhece-lo percebe que tudo em suas vidas começará a ter consequências drásticas.


Gyllenhal sempre se demonstrou um ator mediano. Suas expressões nunca foram as melhores em outras produções que ele esteve, e sempre era salvo por seus colegas de elenco (vide Hugh Jackman, Anne Hathaway, até mesmo Dennis Quaid). Em sua segunda empreitada com Villeneuve, ele recebe um papel duplo, cuja as personalidades são completamente diferentes uma da outra. E surpreendentemente, ele cumpre o que lhe é proposto e arrasa. Sua caracterização como Adam, ele consegue transpor toda a tristeza, timidez e tédio que o personagem apresenta. Já quando ele está como Antony, ele apresenta uma personalidade completamente oposta. O que não posso deixar passado despercebido, foram as brilhantes atuações das respectivas parceiras destes, vividas por Laurent e Sarah Gordon ("O Espetacular Homem-Aranha 2"). Ambas tem poucas falas, mas as expressões que elas realizam quando interagem com os sósias já tornam-se um dos pontos fortes da produção.


A narrativa ganhou uma enfase bastante artística e digna de Saramago, pois a película não possui muitos diálogos, muito menos uma história concreta e óbvia. Logo nos primeiros segundos de produção, vemos Antony em uma boate de strip-tease, cujo principio de um show foi uma dançarina pisando sobre uma aranha. Essa cena é praticamente idealizada durante toda a produção, pois a mesma representa a relação entre os dois protagonistas, pois enquanto o professor é a aranha, o ator é a dançarina que possui o poder sobre a indefesa aranha. Mas não é somente a aranha que é idealizada aqui, os closes em diversos prédios, de diferentes formas, representam as relações entre os personagens nas diferentes passagens da produção.

Já vou avisando que "O Homem Duplicado" é mais uma produção é para poucos (algo que foi demonstrado na própria sala em que estava), pois sua narrativa e visuais representam completamente uma produção artística, ou seja, não espere algo concreto ou animado, mas sim triste e que envolva e muito o nosso raciocínio para entende-lo. Em outras palavras, se você aprecia um bom cinema e uma ótima leitura vai adorar, agora se você prefere mais Blockbusters como "X-Men" e "Transformers" da vida e não gosta de ler, fuja!

Imagens: Reprodução da Internet

NOTA: 9,0/10,0

Nenhum comentário:

Postar um comentário